"Quem não agradece pela graça, corre o perigo de que ela acabe; mas quem agradece por ela amarra-a com as suas próprias cordas" (Ibn Ata Allah). Nestas palavras expressa-se a experiência de que a gratidão fomenta o bem viver. Quem quer apenas desfrutar tem medo de que o que é bom lhe seja arrancado rápido. Portanto, ele tem de se agarrar avidamente a tudo. Mas quem agradece por aquilo que recebe de presente experimenta sempre algo de novo, pelo qual ele pode agradecer. É verdade que Ibn Ata Allah diz que a gratidão irá amarrar a graça com as suas próprias cordas. Esta é uma imagem forte para a experiência de que a graça continua a fluir quando agradecemos por ela. Quando nós, ao contrário, a tomamos como algo sem importância, ela se esgota. A pessoa ingrata tem sempre pouco. Para ela, nunca é suficiente o que recebe. Quem é grato, porém, sempre tem alguma coisa pela qual ele pode agradecer. nele, a vida jorra. A gratidão o mantém em fluxo".
GRÜN, Anselm. Pequeno tratado do bem viver. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. p. 77-78.
Pintura de Pierre Joseph Redouté (1759-1840) |