sexta-feira, 24 de agosto de 2018

A força da gratidão




E se você acordasse amanhã só com o que você agradeceu hoje?


Anônimo


[...]. Há pouca gratidão em nossa vida! E encontrei alguns motivos para isso. O primeiro deles diz respeito à maneira pela qual a nossa mente foi programada ao longo da evolução. Pelo instinto da sobrevivência, a mente foi aparelhada para aprender rapidamente com as experiências ruins, mas não tão rapidamente com as boas. Desse modo, damos mais importância aos problemas que nos ameaçam do que às coisas boas que nos acontecem.
A falta de gratidão é quase uma falta de percepção nossa das inúmeras ocorrências positivas que nos felicitam todos os dias, principalmente daqueles acontecimentos diários que eu chamo de "pequenas felicidades": o abraço de um filho, a visão de uma árvore florida, voltar para casa depois de um dia estafante, a visita de um amigo, o sorriso de uma criança, a palavra afetuosa de um familiar, ter uma cama para dormir, água para o banho, remédio para dor, música para sonhar, livros para voar e tantas outras pequenas felicidades que passam despercebidas por nós. Incorporar a gratidão como um hábito de vida faria com que sentíssemos o contentamento pelas coisas boas da vida, aumentando, indiscutivelmente, os níveis da nossa felicidade.
O outro motivo pelo qual tendemos à ingratidão está ligado ao nosso egoísmo. Quem explica isso muito bem é o filósofo André Compte-Sponville: "O egoísta pode regozijar-se em receber. Mas seu regozijo é seu bem, que ele guarda só para si. Ou, se o mostra, é mais para fazer invejosos do que felizes: ele exibe o seu prazer, mas é o prazer dele. Já esqueceu que os outros têm algo a ver com isso. Que importância têm os outros? Por isso o egoísta é ingrato: não porque não goste de receber, mas porque não gosta de reconhecer o que deve a outrem, e a gratidão é esse reconhecimento...".
Nosso comportamento egoísta desconhece que, ao retribuirmos nossa alegria em forma de gratidão, estamos, na verdade, somando alegrias, compartilhando felicidade, aumentando o próprio prazer, o que, inevitavelmente, fará com que a nossa sensação de bem-estar se amplie consideravelmente. Ser mais generoso e menos egocêntrico favorece a prática da gratidão e, por consequência, passamos a ser pessoas mais felizes".
Gratidão e felicidade são como irmãs que jamais se separam. Uma não vive sem a outra e uma engorda a outra. Quando dou atenção ao que corre bem comigo e sou grato por isso, sou invadido por uma sensação de felicidade. [...].

DE LUCCA, José Carlos. Pensamentos que ajudam. São Paulo: Intelítera Editora, 2016. p. 97-99.


Pintura de Jacqueline Brochu


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