terça-feira, 17 de agosto de 2021

Não comparar

    "Em qualquer lugar em que você estiver não se compare com os outros, e encontrará paz" (Abade Poimen).

    Assim  que encontramos um grupo de pessoas, assalta-nos o mecanismo da comparação. Comparo-me com os outros: A aparência deles é melhor do que a minha? São mais inteligentes do que eu? Ganham mais dinheiro do que eu? Recebem mais atenção do que eu? São mais espirituais do que eu? Enquanto eu me comparar com os outros, não terei paz. Ou eu me desvalorizo e valorizo os outros, ou faço o contrário. De qualquer forma, nunca estou na minha, estou sempre na dos outros. E, assim, não tenho paz. Então serei confrontado comigo mesmo e convidado a reconciliar-me comigo e com minha realidade. A renúncia a comparar-se vai conduzir-me ao agradecimento por tudo o que Deus me deu e me oferece a todo instante. Em vez de olhar para os outros, olho para mim mesmo, como eu mesmo sou. Estou na minha. Estou simplesmente aqui. Esta é a condição para encontrar a paz. Paz significa simplesmente: estar aí, repousar, estar em harmonia consigo, aproveitar o tempo presente em paz.

FONTE:

GRÜN, Anselm. O livro da arte de viver. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. p. 119.


Pintura de Vladimir Gusev


quarta-feira, 31 de março de 2021

O que nos faz realmente felizes

         Todos os seres humanos querem ter uma vida feliz, mas muitos confundem os meios para obtê-la por exemplo, riqueza e status - com a felicidade da vida em si. Essa focalização nos meios é equivocada e afasta ainda mais as pessoas de uma vida feliz. O que realmente vale a pena são as atividades virtuosas que constroem uma vida feliz, não os recursos externos que parecem ser capazes  de promover a felicidade.

FONTE:

Epicteto. A arte de viver. Interpretação de Sharon Lebell. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. p. 54.


Leitura
Pintura de Duncan Grant (1885-1978)


segunda-feira, 29 de março de 2021

Escolhas precipitadas

        Aguardemos a hora apropriada. Se não temos certeza de que este é o momento exato de agir, se não visualizamos com clareza o início da estrada a ser percorrida, se não possuímos firmeza na decisão a ser tomada e se não desponta uma conclusão resoluta, esperemos um tanto mais; o "momento de atuação" ainda não é propício.

             Algumas vezes ficamos amedrontados e agimos apressadamente, movidos pela ansiedade. Outras vezes, procedemos de modo impetuoso, buscando desforra ou querendo castigar alguém.

    Em muitas circunstâncias, decidimos depressa demais em função de impor aos outros uma decisão rápida, ou de forçá-los a resolver velhos conflitos. Em outras ocasiões, entramos em desespero pelo medo de não chegar a tempo de resolver o problema ou de deixar de usufruir benefícios e privilégios.

    Nem sempre as coisas estão à nossa disposição. Não temos sob controle o "tempo de duração" daquilo que já conquistamos. A propósito, como a mudança está implícita no processo da evolução humana, é preciso aceitar a face mutante de tudo o que existe na vida física.

     Dar "tempo ao tempo" não é tempo perdido. Uma atitude antes da ocasião certa pode ser tão inapropriada quanto aquela tomada tarde demais. Às vezes, em poucas horas ou dias tudo poderia ser resolvido corretamente.[...].

    Neste trecho do evangelho de João, recebemos importante recomendação reflexiva do Mestre para que analisemos a temporalidade das coisas e a dimensão transcendental do tempo. "Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele".

    As "doze horas do dia"  representam o período em que o sol permanece visível. No entanto, o Mestre não nos convida apenas a andar durante o dia claro para que não tropecemos no escuro, mas nos recomenda, antes de tudo, "fazer sol" interior quando diz "tropeça, porque a luz não está nele"

    Quem acende a luz interior confia, espera e se despreocupa de fazer ou de obter algo com precipitação e urgência. A propósito, esperar é uma atitude corajosa, benéfica, vantajosa e de fé na Ordem Sagrada. [...].

FONTE:

Hammed (espírito). Um modo de entender: uma nova forma de viver. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2004. p. 152-153.


Arte de Tammy Allman


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Criatividade e pensamento positivo

        Além de aprender a soltar, o uso correto da criatividade e o pensamento positivo nos ajudam a superar as dependências. Frequentemente vivemos na ilusão de que só podemos ficar alegres graças aos objetos, pessoas e lugares, mas a alegria é algo que experimentamos quando colocamos nosso coração em alguma coisa, sendo a nossa intenção a de dar, e não a de tomar. Na atividade criativa, a que experimentamos mais gozo, nossa alegria vem de dentro e se expressa para fora; ela vem de fora para dentro.
  O desenvolvimento pessoal criativo nos ajuda a superar a preguiça. Ao superá-la, recuperamos a força necessária para libertar-nos de certas dependências, como a dependência da criatividade de outros para que eles nos entretenham. Está certo desfrutar do entretenimento, mas o importante é você ser capaz de passar um bom momento sendo criativo você mesmo, superando a preguiça, o aborrecimento e a atrofia criativa interior.
  Com seus pensamentos e sentimentos você cria e percebe o mundo ao seu redor. Conforme sejam seus pensamentos, assim serão seus sentimentos e emoções, sua atitude e suas ações. Este processo costuma se produzir de forma rápida, e frequentemente, você nem é consciente de que está acontecendo. Como este processo se repete seguidamente, com facilidade a partir dele é criada uma série de hábitos. [...].
  É importante aprender a transformar e chegar a evitar, quer dizer, a não criar pensamentos desnecessários, para estar mais centrado e enérgico, e ter mais clareza a fim de tomar as decisões adequadas.
   Os pensamentos positivos curam e fortalecem a mente. Uma mente sadia é a base de uma personalidade equilibrada. [...].

FONTE:
SUBIRANA, Miriam. Viver em liberdade: limites, sonhos e o essencial. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. p. 50-51.


Pintura de Charles Courtney Curran  (1861-1942).




segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

O Entusiasmo

    O entusiasmo é um estado de espírito que inspire e incita o indivíduo à ação para cumprir uma determinada tarefa. Mais ainda, o entusiasmo é contagiante e afeta de maneira vital não somente o entusiasta, como também os que entram em contato com ele.
    O entusiasmo é, em relação a um ser humano, o mesmo que é o vapor para a locomotiva - a força motora básica que impele a ação. Os grandes condutores de homens são os que sabem despertar entusiasmo nos seus seguidores. O entusiasmo é o fator mais importante que entra na profissão de vendedor; é também um fator vital na arte da oratória. [...].
    Ponha o leitor entusiasmo no seu trabalho e já não o achará difícil ou monótono. O entusiasmo dá tanta energia ao corpo inteiro que em certos casos se podem até mesmo dispensar as horas habituais de sono. Além disso, nos dá força para realizar uma quantidade de trabalho duas vezes maior do que o que se faz habitualmente, em determinado período, e isso sem se sentir o menor sinal de fadiga. [...].
    Entusiasmo não é apenas uma força de expressão, é também uma força vital que podemos dominar e empregar com verdadeiro proveito. Sem o entusiasmo somos como baterias sem eletricidade. [...].
    Algumas pessoas são dotadas de um entusiasmo natural, ao passo que outras precisam adquiri-lo. O processo para o seu desenvolvimento é muito simples. Começa-se por fazer o trabalho ou prestar o serviço que mais nos agrade. Se a nossa situação é tal que não podemos conseguir o trabalho da nossa predileção, podemos seguir outra linha, de maneira muito eficiente, adotando um objetivo principal definido e imaginando-nos no futuro ocupados nesse trabalho. [...].
    A felicidade - o objetivo de todo o esforço humano -  é um estado de espírito que pode ser conservado apenas por meio da esperança de uma realização futura. A felicidade está sempre no futuro, nunca no passado. A pessoa feliz é a que sonha atingir realizações que não foram ainda alcançadas. A casa que pretendemos comprar, o dinheiro que pretendemos ganhar e colocar num banco, a viagem que tencionamos realizar quando dispusermos dos meios para isso, a situação que aspiramos ocupar na vida e a própria preparação para isso - eis as coisas que produzem felicidade. Assim também o nosso objetivo principal definido é formado de todas essas coisas, e é isso que pode fazer nascer em nós o entusiasmo, seja qual for a nossa situação na vida. [...].

FONTE:

HILL, Napoleon. A lei do triunfo: 16 lições práticas para o sucesso. 51. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2019. p. 301-302.

            
        
Pintura de Sally Rosenbaum 


sábado, 16 de janeiro de 2021

Seja grato!

     Analisando as pessoas felizes, pude observar que uma das características mais marcantes que apresentam é ficarem agradecidas por tudo o que lhes ocorre de bom. A gratidão está essencialmente ligada à felicidade; uma não vive sem a outra. Aliás, a felicidade nada mais é do que um estado de espírito, e uma pessoa agradecida sentirá o mundo de uma forma muito mais alegre. Se o poeta William Blake afirmou que a gratidão é o próprio paraíso, eu afirmo que a ingratidão é o próprio inferno. [...].

   O ato de agradecer é uma postura psicológica que visa focalizar o que já temos, pois, em regra, damos mais importância ao que não temos. Escreveu Mário Quintana que louco é quem não procura ser feliz com o que tem.

    Quem focaliza o que não tem, vive na reclamação, queixa-se de tudo e de todos, torna-se uma pessoa insatisfeita e mal-humorada, acabando por afastar o concurso espontâneo das pessoas. Se há uma pessoa que por vezes pensa em se afastar dos outros, ela é mal-agradecida. Sentimos certa rejeição em querer ajudar alguém que já nos foi ingrato outras vezes, não é verdade?

    É por isso que, quanto menos gratos formos, menos receberemos do universo. Há um provérbio segundo o qual Deus não dá nada àqueles que mantêm os braços cruzados.

    Já a pessoa agradecida está com os canais abertos às bençãos divinas. Quanto mais agradece, reconhecendo quanto já foi abençoada por Deus, mais a vida lhe retribui com novas bençãos, pois sua mente vive na abundância. [...].

FONTE:

DE LUCCA, José Carlos. Atitudes para vencer. São Paulo: Petit, 2007. p. 61-62.


Pintura de Daniel Ridgway Knight (1839-1924)



    

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Um livro que faz milagres


   Ingeborg Bachmann escreve em Malina sobre o seu desejo por um livro que inclua o que é maravilhoso no mundo; o seu desejo por um livro cheio de luz e alegria de viver. Ela gostaria de escrever esse livro ou, melhor dizendo, ela quer encontrar as palavras desse livro. É evidente que a poetisa fala de sua própria poesia. O seu objetivo era escrever um livro que abrisse os olhos das pessoas e desse a elas uma nova alegria de viver: "Um rugido começa em minha cabeça e, então, uma luz, algumas sílabas vibram, e vírgulas coloridas voam saindo de todas as caixinhas, e os pontos, que eram negros, pairam arrogantemente até os balões no teto de meu cérebro, pois no livro que é magnífico e que eu começo a encontrar tudo será como Exsultate, Jubilate ... Ouça, ouça com atenção! Olhe, olhe com atenção! Li algo de maravilhoso, eu quero lê-lo em voz alta para vocês, aproximem-se; é muito maravilhoso"!

          Achamos que os livros existem para aumentar o nosso saber. Ingeborg Bachmann tem outra opinião: o livro que ela quer encontrar produzirá espanto nas pessoas sobre as coisas maravilhosas que existem. O livro faz milagre para a pessoa que o lê. Ele a enfeitiça e a conduz a outro mundo, no qual ela encontra um novo prazer na vida: alegria e gratidão pelas coisas maravilhosas que estão no livro e que ela pode descobrir em si mesma graças a ele.


FONTE:

GRÜN, Anselm. Pequeno tratado do bem viver. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. p. 166-167.



Pintura de  Paul Gustave Fischer (1860 - 1934)


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Tempo certo

        A Natureza nos presenteia com uma diversidade incontável de flores, que nos encantam e fascinam. Certamente, não as depreciaríamos apenas por achar que vários botões já deveriam ter desabrochado dentro de um prazo determinado por nós, nem as repreenderíamos por suas tonalidades não ser todas iguais conforme nossa maneira de ver.

        Nem poderíamos sequer compará-las com outras flores de diferentes jardins, por estarem ou não mais viçosas. Deixemos que elas possam germinar, crescer e florir, segundo sua natureza e seu próprio ritmo espontâneo. Isso será sempre mais óbvio.

        Parece racional que ofereçamos a quem amamos o mesmo consentimento, porque cada ser tem seu próprio "marco individual" nas estradas da vida, e não nos é permitido violentar sua maneira de entender, comparando-o com outros, ou forçando-o com nossa impaciência para que "cresçam" e "evoluam", como nós acharíamos que deveria ser.

        Cada um de nós possui diferenças exteriores, tanto no aspecto físico como na forma de se vestir, de sorrir, de falar, de olhar ou de se expressar.

        Por que então haveríamos de florescer " a toque de caixa"?

        Nossa ansiedade não faz com que as árvores deem frutos instantâneos, nem faz com que as roseiras floresçam mais céleres. Respeitemos, pois, as possibilidades e as limitações de cada indivíduo. [...].


FONTE:

HAMMED (Espírito). Renovando atitudes. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 1997. p. 65-66.


Flores.
Pintura de Stephen Reid (1873-1948)



sábado, 2 de janeiro de 2021

Um presente

 

    Além do amor, o ser humano precisa da amizade, se não quiser sofrer prejuízo em sua alma. Antigos poetas e filósofos viviam do tesouro da amizade e lhe cantavam louvores. Para os filósofos gregos, a amizade é também expressão de virtude. Pitágoras, que dirigia pessoalmente um grupo filosófico de amigos, chamava a amizade de mãe de todas as virtudes. Por isso só podem ter amizades as pessoas que têm um bom núcleo interior. Quem só gira em torno de si é prisioneiro de si mesmo e incapaz de amizade. Os pressupostos humanos para o surgimento da verdadeira amizade são vários, mas sempre se considera que é um presente quando duas pessoas se encontram na amizade. Assim diz o maior filósofo grego, Platão: "Deus faz os amigos; Deus leva o amigo ao amigo".

    É, em última análise, uma força superior que leva a se encontrarem duas pessoas nas quais ressoa o mesmo sentimento. Os próprios amigos muitas vezes não sabem por que se tornaram amigos e como surgiu a amizade. Sempre existe algo misterioso em torno do surgimento da amizade. De repente ela está aí. As portas de meu coração se abriram exatamente para esta ou estas pessoas.


FONTE:

GRÜN, Anselm. O livro da arte de viver. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. p. 147.


Amizade
Pintura de Albert Lynch (1851-1912). 


Paciência

   Nossa impaciência desequilibra os processos internos e externos da Natureza em nós. Atos e atitudes pacienciosas podem mudar nosso modo d...