quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Um livro que faz milagres


   Ingeborg Bachmann escreve em Malina sobre o seu desejo por um livro que inclua o que é maravilhoso no mundo; o seu desejo por um livro cheio de luz e alegria de viver. Ela gostaria de escrever esse livro ou, melhor dizendo, ela quer encontrar as palavras desse livro. É evidente que a poetisa fala de sua própria poesia. O seu objetivo era escrever um livro que abrisse os olhos das pessoas e desse a elas uma nova alegria de viver: "Um rugido começa em minha cabeça e, então, uma luz, algumas sílabas vibram, e vírgulas coloridas voam saindo de todas as caixinhas, e os pontos, que eram negros, pairam arrogantemente até os balões no teto de meu cérebro, pois no livro que é magnífico e que eu começo a encontrar tudo será como Exsultate, Jubilate ... Ouça, ouça com atenção! Olhe, olhe com atenção! Li algo de maravilhoso, eu quero lê-lo em voz alta para vocês, aproximem-se; é muito maravilhoso"!

          Achamos que os livros existem para aumentar o nosso saber. Ingeborg Bachmann tem outra opinião: o livro que ela quer encontrar produzirá espanto nas pessoas sobre as coisas maravilhosas que existem. O livro faz milagre para a pessoa que o lê. Ele a enfeitiça e a conduz a outro mundo, no qual ela encontra um novo prazer na vida: alegria e gratidão pelas coisas maravilhosas que estão no livro e que ela pode descobrir em si mesma graças a ele.


FONTE:

GRÜN, Anselm. Pequeno tratado do bem viver. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. p. 166-167.



Pintura de  Paul Gustave Fischer (1860 - 1934)


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