segunda-feira, 13 de abril de 2020

Paciência



Jean Guitton e Jean-Jacques Antier comentam:

Paciência (do latim patientia, de patior, padecer, sofrer) é uma filha da perseverança. Também chega ao fim de tudo, porque "paciência transmite ciência". É particularmente mais eficaz do que a força: Paciência e o uso do tempo conseguem mais do que a força e a raiva, diz La Fontaine. Pilar da sabedoria (Mistral), é comumente uma virtude que faz suportar os males sem se fatigar, até a resignação. A paciência e a coragem de todos os dias, diz o provérbio. E Vauvernargues: É a arte de esperar. Mas será o gênio uma longa paciência, como sugere Buffon? Certamente, mas tendo na base o clarão do gênio. É mesmo a base de todos os talentos que levam à perfeição.
A paciência é uma virtude pouco apreciada em nosso século de agitação e velocidade, pois só vemos nela a lentidão. Com efeito, é (ou era) a sabedoria daqueles que dispõem de tempo, talvez da eternidade: os camponeses do passado, os monges contemplativos, os velejadores, e sobretudo a natureza e a vida que levam todo tempo para construir qualquer coisa que ainda nos escapa.
Humilde, a paciência é uma "pequena virtude", aquela também dos doentes, dos sofredores. Seu mérito é discreto, mas quando é praticada até o heroísmo: sofrimento físicos e morais, suportados sem qualquer manifestação para não fazer sofrer os que nos são próximos... Só podemos amá-la ainda mais. Santa Catarina de Siena a considerava como a medula da caridade, no relacionamento cotidiano com os outros. Paciência das mães e dos professores. Paciência nas relações conjugais e familiares. Na comunidade ou no trabalho; na política etc.

Diz Jason de Camargo:

Evidentemente, a paciência traz imensos benefícios físicos e mentais para as pessoas. Na sociedade contemporânea comumente se diz  que com paciência já é difícil, imagine sem ela. Esse tema torna-se apaixonante porque nos leva a pensar sobre isso. Quanta dor, quanto sofrimento inútil. Uma vida inteira estressando-se sem que, na maioria das vezes, tenhamos motivos tão significativos para isso. Não nos apercebemos que, de uma maneira geral, sofrer ou não sofrer é tão somente uma questão de posicionamento mental diante dos fatos ou de que ângulo nós estamos observando as situações do cotidiano.
Através da auto-observação, poderemos constatar que, na maioria das vezes, a impaciência surgiu sem uma necessidade real, e nos atolamos em preocupações desnecessárias. É uma simples questão de escolhermos a postura que desejamos. Quando surgir qualquer fato que possa levá-lo a impaciência, habitue-se a colocar o consciente em ação, ou seja, prefira o raciocínio, a razão, e despreze sempre a forma irada de se manifestar. Em outras palavras, nunca prefira a ira. Você verá que as dificuldades serão resolvidas mais satisfatoriamente, porque sempre teremos à nossa disposição outra maneira de agir e de resolvermos os conflitos que aparecem no cotidiano. A escolha é sempre nossa. Respire fundo e prefira sempre a paciência, a tolerância. A impaciência, a ira, tem causado a morte de muitos em qualquer lugar do mundo, na maioria das vezes por motivos fúteis.
Sabemos que a paciência é a ciência da paz, da harmonia, do equilíbrio, do bem-estar. Inúmeros líderes mundiais, inclusive, construíram suas conquistas através da paciência, da perseverança, da obstinação e do desejo de alcançar os seus ideais.

"Não há problema que não possa ser solucionado pela paciência"
Chico Xavier


FONTES:

CAMARGO, Jason de. Educação dos sentimentos: o caminho das virtudes. Porto Alegre: Francisco Spinelli, 2011. p. 187-202.

GUITTON, Jean; ANTIER, Jean-Jacques. O livro da sabedoria e das virtudes redescobertas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. p. 168-169.



Impatiens gladulifera
Edwards´s Botanical Register. v. 26, 1840.
Desenho de Drake.
www.plantillustrations. org

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