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Mostrando postagens de outubro, 2016

Soneto CXVI

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Impedimentos não admito para a união De corações fiéis; amor não é amor Quando se altera se percebe alteração Ou cede em ir-se, quando é infiel o outro amador. Oh! não, ele é um farol imóvel tempo em fora, Que as tempestades olha e nem sequer trepida; É a estrela para as naus, cujo poder se ignora, Malgrado seja a sua altura conhecida. O amor não é joguete em mãos do tempo, embora Face e lábios de rosa a curva foice abata; Não muda em dias, não termina em uma hora, Porém  até o final das eras se dilata. Se isso for erro e o meu engano for provado, Jamais terei escrito e alguém terá amado.   William Shakespeare (1564-1616)   SONETOS. Shakespeare, William. São Paulo: Hedra, 2008 . p. 111.       Pintura de William John Hennessy (1839-1917)   

Caminhando juntos

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"Ao longo do caminho, encontramos muitas pessoas. Nossos pais quase sempre lá estão, no começo, para nos dar uma mãozinha; e é bom, enquanto andamos, conversar com nossos amigos e entes queridos, partilhar o que nos inspira e, de vez em quando, recorrer a eles para apoio e orientação. Cuidamos uns dos outros, assumimos eventualmente o papel de guia e, às vezes, precisamos de ajuda para encontrar nosso caminho. Bons professores, orientadores e amigos, se você tiver a sorte de encontra-los, devem ser convenientemente valorizados porque um bom amigo, cedo ou tarde, de um modo ou de outro, acabará ajudando-o a tomar o rumo certo. Direta ou indiretamente, ele o tornará uma pessoa melhor. Mesmo se você estiver agindo de maneira errada, ele o auxiliará a resolver problemas, banir ilusões e fortalecer sua autoconfiança. Então, a felicidade verdadeira brotará de dentro - de dentro de você. Eis o que se espera de um mestre ou amigo sincero. [...]. A amizade é tão importante que fico t...

O Discípulo

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" Quando Narciso morreu, o lago de seu prazer transformou-se de receptáculo de águas doces em poço de lágrimas salgadas, e as Oréades vieram chorando pelo bosque cantar para o lago e dar-lhe conforto. E quando viram que o lago havia se transformado de poço de águas doces em poço de lágrimas salgadas, soltaram as tranças verdes de seus cabelos, choraram pelo lago e disseram: - Não nos admiramos de que chores desta maneira por Narciso, tão belo era ele. - Mas Narciso era belo? - perguntou o lago. - Quem saberia melhor que tu? - responderam as Oréades. - Por nós, ele sempre passava direto, mas tu ele procurava, e deitava-se às tuas margens e fitava-te, e no espelho de tuas águas admirava sua própria beleza. E o lago respondeu: - Mas eu amava Narciso porque, quando ele se deitava em minhas margens e olhava para mim, no espelho de seus olhos eu sempre via minha própria beleza refletida". Oscar Wilde (1854-1900) A LINGUAGEM do amor. São Paulo: Melhoramentos, 1994.     ...

Lírio-do-vale - Volta da felicidade

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Dói-me o coração e um torpor atormenta Meus sentidos, como se da cicuta eu tivesse bebido, Ou esvaziado nas veias algum opiato entorpecente Apenas um minuto atrás, e me atirado no Lete: Não é por inveja de tua felicidade, Mas por demais alegrar-me com tua ventura - Que tu, Dríade de asas ligeiras entre os arvoredos, Em algum recanto melodioso De verdes faias e inúmeras sombras, Cantes, a plena voz, o verão.   Ode a um Rouxinol John Keats (1795-1821)         "Não é surpreendente que o lírio-do-vale simbolize a volta da felicidade, uma vez que ele é a flor mais encantadora que se pode imaginar. Com suas delicadas campânulas brancas e inconfundível aroma cheio de frescor, acredita-se que ele atraia o rouxinol de seu ninho e o conduza à sua fêmea. Ele é o símbolo da festa da primavera e era conhecido como lírio-de-maio (mês de primavera na Europa) e como lágrimas-de-nossa-senhora, pelo fato de ter brotado das lágrimas derramadas ...

Criatividade

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"Conforme a excelência do pensamento de Voltaire, "o mundo me intriga, e não posso imaginar que este relógio exista e não haja relojoeiro". A energia do Cosmo Universal produz de maneira constante as mais novas e admiráveis formas. Duzentas rosas amarelas são estruturalmente diferentes entre si, e num vasto canteiro de roseiras vermelhas nenhuma produz, no mesmo período, o mesmo número de botões e nem mesmo a exata configuração nas flores. Num país de milhões de habitantes do mesmo grupo étnico, cada um é dessemelhante e único. Essa é a criatividade originária das leis naturais ou divinas. Em princípio, todos os homens podem criar. Os animais produzem, às vezes, coisas notáveis e surpreendentes, mas não criam, somente utilizam o instinto - indício da existência e desenvolvimento da criatividade em potencial. Os favos de mel, os ninhos dos beija-flores, a sociedade das formigas, as barragens dos castores vêm-se repetindo iguais desde a antiguidade babilônica, assíri...

Aceitando-se sem queixas

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"Amar a si mesmo significa aceitar-se como alguém que tem valor porque decidiu ter valor. A aceitação significa também ausência de queixa: as pessoas que vivem plenamente jamais se queixam - não reclamam, especialmente, do fato de as rochas serem ásperas, do céu estar encoberto ou do gelo ser frio. Aceitação significa não reclamar, e felicidade significa não reclamar daquilo sobre o qual nada se pode fazer. A queixa é o refúgio daqueles que carecem de autoconfiança; o fato de falar aos outros sobre o que o desagrada em si mesmo dá a você a oportunidade de prolongar sua insatisfação, pois quem ouve não pode fazer praticamente nada a respeito, a não ser contradizê-lo, e você não acreditará nelas. Assim como queixar-se aos outros não leva a parte alguma, deixar que os outros abusem de você com cargas de infelicidade e autopiedade é algo que não ajuda ninguém. Com uma pergunta simples, é possível por fim a esse comportamento inútil e desagradável: "Por que você está me contando...