segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Temos que educar nosso cérebro para sentir gratidão


"Quantas pessoas colaboraram para o nosso bem-estar? De quantas pessoas depende o fato de estarmos juntos agora? De muitas e muitas. Não há ninguém que não tenha nada a ver conosco, estamos todos interligados. Devemos então nos lembrar disso e sentir gratidão.
Mas veja como funciona a nossa mente: gostamos de quem nos faz o bem, não gostamos de quem nos faz o mal. Mas quantos são os seres que nos fazem o bem e quantos são os que nos faze o mal? O nosso bem-estar depende de quantos seres? E de quantos dependem o nosso desconforto e inquietação? O mal que nos atinge depende principalmente de nós mesmos e o bem, de muitos outros seres além de nós. Essa é a verdade. [...].
No Budismo, gratidão é um princípio muito importante. Se não tivermos gratidão, não iremos crescer no caminho espiritual. Devemos ter reconhecimento pelo que nos dão. Dizem os mestres que, se não sentirmos gratidão pelo que os nossos pais fizeram, não há esperança no caminho espiritual. Foram deles que primeiro recebemos. Mas o que acontece? Somos muito estranhos! Basta uma pessoa errar em algum ponto que deixamos de reconhecer tudo o que recebemos dela. Por exemplo, saímos com alguém para almoçar, batemos um papo legal, foi tudo ótimo, mas na hora de pagar a conta ele faz algo que nos desagradou. Qual é a nossa lembrança do almoço? Boa ou ruim? Ruim! Mas por que manter a lembrança ruim se noventa e cinco por cento do tempo foi bom? Porque somos ignorantes, não vejo outra explicação. [...].
Nós temos mesmo muita dificuldade de reconhecer o lado positivo das coisas e do que recebemos das pessoas. Mesmo se alguém nos fez mal em algum momento, não há desculpa para esquecermos o que nos deu de bom. Devemos ainda ter a mesma gratidão tanto por nossos amigos como por nossos inimigos. Alguns textos dizem que a gratidão pelos inimigos deve ser até maior. Se não fossem eles, não teríamos condições para praticar a paciência, a compaixão... É fácil ter compaixão pelas pessoas de que gostamos. Difícil é sentir compaixão por aquelas de que não gostamos. Mas, se não fosse por elas nunca poderíamos desenvolver nossas qualidades positivas".
 
Lama Michel Rinpoche
 
 
CESAR, Bel. Grande amor: um objetivo de vida: diálogos entre ama Michel Rinpoche e Bel Cesar. São Paulo: Gaia, 2015. p. 297-299.
 
 
 
 
 



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