quinta-feira, 2 de junho de 2016

Generosidade


"A generosidade não consiste em doar de forma abundante e descontrolada, mas em como e quando doar adequadamente".


A criatura generosa é alguém que aprendeu a auxiliar os outros sem se ver obrigada a tomar para si os infortúnios que não lhe pertencem. Socorre os sofredores sem emaranhar-se na sua problemática emocional. Procura ser condescendente com as aflições alheias, mas não se envolve nela. Ou melhor, não tenta carregar a cruz do mundo nas atividades que visam abrandar as dores terrenas.
O generoso não vive dilemas, pois aprendeu que não é necessário sofrer como um mártir, mas somente ser solidário e estar disposto a cooperar com as pessoas e apoia-las sempre em tudo o que estiver ao alcance de suas possibilidades físicas e psicológicas.
Para auxiliar não precisamos passar todo o tempo obcecados por pessoas de quem gostamos, ou pensando de modo compulsivo na melhor maneira de ajuda-las. Há criaturas tão absorvidas nos problemas alheios que não lhes sobra tempo para perceber e solucionar os seus.
Outras há que se tornam incapazes de viver a própria vida, sentindo-se responsável por todos os conflitos de parentes e amigos, não permitindo que eles se responsabilizem por seus atos. Carregam o fardo dos outros, não lhes dando a oportunidade de aprender por si mesmos a resolver as próprias dificuldades existenciais nem a compreender que, com o decorrer do tempo, a prática dessas experiências lhes proporcionaria viver com mais segurança e autonomia.
Uma das ferramentas básicas que podemos utilizar em benefício das pessoas é manter certa "distância psíquica" delas. Isso não quer dizer que, ao nos distanciarmos emocionalmente, deixaremos de nos importar com elas, ou de amá-las, mas de abandonarmos a angústia de viver envolvimentos neuróticos, na ânsia de tudo resolver, decidir e compreender.
Desligar-se ou distanciar-se não é recusar a ajuda afetuosa, nem viver uma aceitação passiva e resignada, mas evitar relacionamentos desgastantes e perturbadores. E deixarmos de nos alimentar de sentimentos e emoções desvairados e de relações patológicas que nos desviam de problemas prioritários para resolver. Cada ser humano é responsável por si mesmo; por isso, precisamos perceber os problemas que não são nossos, cuja solução não nos pertence. A ansiedade e a preocupação não ajudam em nada. [...].
A generosidade é o oposto do egoísmo. Enquanto o generoso desfruta liberdade, repartindo o que pode  e o que tem, o egoísta vive isolado, querendo segurar tudo e todos ao seu redor.
Egoísmo não e viver a própria vida ao nosso modo, mas desejar que os outros vivam como nós queremos.[...].
A generosidade não consiste em doar de forma abundante e descontrolada, mas em como e quando doar adequadamente.
 
Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
 
In: HAMMED (Espírito). Os prazeres da alma. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto. Catanduva, SP: Boa Nova Ed., 2003. p. 195-198.
 
 
 
Pintura de Emile Munier (1840-1895)


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